sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Diálogo 2 - Para ler ao som de Don't watch Me dancing - Litlle Joy


Talvez ele chegue certo dia e pergunte aonde foram parar suas coisas: camisetas, sapatos, livros, cds, até mesmo aquela capa de chuva que tanto gostava...
E aí você vai responder de forma certeira, que não sabe e que nunca tinha prestado atenção em tais coisas.
E ele vai perguntar finalmente por aquilo que você esperava...

- Cadê o meu cd dos Mutantes?
- Não sei.
- Como você pode esquecer se foi ao som deles que nos conhecemos e você cantarolou no meu ouvido, assim, quase que sussurrando, baby...
- Não lembro!
- Impossível, dias atrá você me comentava desse momento mágico que vivemos.
-Pois então, acabaram os momentos mágicos.....baby.

A noite era única, não estava estrelada com aquela névoa que parece te levar até avalon de forma rápida. Eram jovens, ainda curtiam mutantes, ouviam musica brazuca e fumavam uma maconha às vezes... A névoa se dissipou.

- E que fim levou a capa de chuva amarela?
- Você teve uma capa de chuva amarela?
- Ah não se faça de de desentendido, tive sim, aquela que você adorava criticar dizendo que eu parecia um wink do msn, ta lembrando?
- Não.
- Você lembra disso...

E começou a dançar coreografado como se ao som de uma black music das antigas que adorvam ouvir juntos.

- É... Disso eu lembro, mas do resto eu só tenho a certeza de ter deletado tudo. Desculpa.

E assim, como quem não quer nada sentam um ao lado do outro, se olharam, se sentiram, acenderam um cigarro cada um, e entre tragadas, fumaça, prazer e uma ponta de tristeza, pensaram...

Será que nossos filhos saberão que existiu Mutantes, ou que você de capa de chuva amarela estava mais pra lá do que pra cá, ou até mesmo, que se pudéssemos usaríamos um black power?
Talvez nunca, quem sabe jamais, ou ainda talvez. Um dia.
Se abraçaram, por um minstante que pareceu eterno, onde um rio de memórias os inundou de baixo pra cima como se entrando lago a dentro. Era o fim.

- Bom, eu vou embora, e se um dia você conseguir lembrar dessas coisas não esqueça de contar a nossos filhos de que um dia nós também tivemos nossas coisas.
- Pode deixar, tentarei. ( A frieza estava se esvaindo e já não dava mais para negar, o clima estava ficando como aqueles dias em que a bolha e ar nos consome e nos aprisiona nela, o ar rarefeito.... o amor tem dessas coisas)

Ele já indo em diração a porta quando ouviu:

- Eu nunca esqueci de nada, só escondi de nós pra que não possamos estragar o que vivemos, para que eles realmente saibam quem fomos, para que não nos escondamos depois no dia a dia a verdadeira face, a única, a real, a que tivemos juntos. Eu te amo.

A porta se fechou.
Um se foi...
O outro ficou.

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